quinta-feira, junho 08, 2017

NA OUTRA MARGEM DO SILÊNCIO.


Na outra margem do silêncio
Onde a palavra ferve e indomável se arrisca
A arder em fervor de penitência
E a dissolver-se inócua no magma corrosivo
Onde todos os sentidos se aniquilam –
Jogo de significações espúrias –
E no entanto teima.

Essa palavra insubmissa
Que na outra margem de todos os silêncios
Queima os lábios dos poetas e se liberta insana
E descarnada se faz cinza
Sem mais nada que a detenha
Que não seja arder
Sem mácula.

Nesse ponto-fuga da palavra exacta
Que na outra margem do silêncio explode
E se faz nuvem ou paixão acesa
Já não palavra – abre-se rosa de lume
Nas dores do Mundo –
E tempestade.

E recolhe-se exaurida e livre
E nas ardidas pétalas
Do poema –

Coisa de nada!...

Manuel Veiga


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