sábado, novembro 05, 2016

POEMA SEM NOME.


Desvendo teu rosto. Os dedos no mármore da noite
Desenham os lábios no beijo em quem explodimos
Sonho liquefeito como um rio sem outras margens
Se não aquelas que te estendo em febre intima.

Ardemos! Ardo em ti e em mim que outra palavra
Declino pois ardendo sei que tua boca se faz minha
E teu corpo se desdobra na dor e no prazer da onda
Que sendo tua, sou eu, quem bem sabendo, lhe dá vida.

Bem sei em noites de ilusão cativas que esta glória
De te amar para dentro, sem o ensejo de ungir-te
Inaugural no númen e na placenta húmida do Poema
Te dói na chama e o caudal se despenha murmurado.

E o cume do sangue no meu peito é então o grito
E aves nocturnas esvoaçando em tenso círculo
Em mim acordam, perturbantes, o cântico magoado.

Manuel Veiga




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