sexta-feira, abril 29, 2016

OUSA O POETA O GESTO...

Ousa o poeta o gesto e traça o rosto
Paisagem límpida onde mergulha - cinzel de fogo e água
A burilar por dentro o corpo ígneo
De um poema aberto...

E então alarga o poeta a vertigem
E o espaço nítido e o murmúrio dos dedos
Na linha do dorso
E explorador
De emoções sôfrego
Colhe a palavra breve
Em que o poema ferve

E desbrava os montes e os vales
E as incógnitas e os percursos
Por onde o poeta -
Que assim quer!
Sem o saber
Longamente
Se perde...

E o poema arde!


Manuel Veiga

segunda-feira, abril 25, 2016

NO HORIZONTE LÍQUIDO DO TEJO


Vicejam espinhos e cravos nas ruínas do tempo
E os rios medem as margens no sobressalto das árvores...

Em seu pudor - ou resguardo - a palavra lateja. Mítica.

Clandestina embora atiça o fervor que germina
Nos rostos calcinados e na amargura dos homens.
E o alvoroço ganha então asas nas veredas do sangue.
E no percurso inóspito dos passos...

As mulheres revestem-se de subtis gestos
E soletram a boca das crianças
Nas migalhas...

E erguem o olhar pleno como antigas ânforas
Que repletas extravasam. E minguadas se aprestam
A todas as sedes e a todas as urgências.
E que de mão em mão passam. Gloriosas...

Fecundos são os dias assim (pre)sentidos
Que amadurecem como crisálias. E se soltam serenos
Na arribação das aves. E nos ritos da memória...

E se advinham no pulsar cálido da cidade
Ainda agora cais. A erguer promessas. E a desenhar velas.
No horizonte líquido do Tejo...

Manuel Veiga





quinta-feira, abril 21, 2016

A MULHER DE VERMELHO...


“Rasgam-se as cortinas e sob o foco a Mulher
Esguia como o tempo liberto como o  punho
Erguido ao céu da praça cheia e às canções!
Maiakovski grita em métricas guturais

“Abram alas ao futuro que perpassa nas dobras
 Do manto vermelho!...”

A Mulher inclina-se em dignidade soberba
Segura nas mãos a flor dos dias e nos olhos
O fervor prenhe de lonjura e de distância
E a palavra ousada nos lábios escarlate
Como a túnica...

Em baixo uma criança negra soletra liberdade
Nas pétalas desfolhadas do cravo rubro
Que a mãe lhe dera com o leite...

E o pai sorri com os imaculados dentes
Da fome! Com o grito! Com a guerra!
E ergue o punho à mulher de vermelho
Que o acolhe no seu seio de cristal...

E o devolve ao Povo acumulado na praça
Num gesto de febre
E luta...

Viva a Liberdade!”

Manuel Veiga

POEMAS CATIVOS – Poética Edições – Lisboa 2014



terça-feira, abril 19, 2016

"NAVEGO CANELA E MARFIM..".







Navego canela e marfim
E em meu sal marinheiro...

Solto os mares.
Que porto abandonado é fogo ardido...

Corsário de um corpo indefinido
Em cada remo me fundeio. A bruma é lua.
E o rosto indefinido vaga cheia...

Cartografia dos sentidos
Rebentando as veias...

Não mais bandeiras. Outras.
Apenas o convés engalanado
E o mastro altivo...

Tão grávida de Índias
Minha galera de glórias passageiras...

Manuel Veiga

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - pág 89
Poética Edições - Lisboa


segunda-feira, abril 18, 2016

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - Poema/Apresentação - Alguns Momentos da Tertúlia



Poema/Apresentação - Luís Filipe Sarmento

Excertos

(…) Rostos, assinaturas, tactos e prazer. Fulgor do texto, íntimo deleite em laboratório privado, o poeta ao fogo do seu atenor transmuta o esplendor das coisas possíveis…

(…) Imagens de um Graal, ou de vários, que também rima com Portugal de visionários, sangue de oração pagã, filosofia estética do esplendor das coisas possíveis…

Vulcão discreto ao longe, em cada erupção, uma notícia da memória, liberto das malhas do terror, o poeta renasce no esplendor das coisas possíveis…

(…) Estridências e milagres que ao seu criador se revelam, mutuações alquímicas do olhar, dor e deleite na paisagem secreta do esplendor das coisas possíveis…

Livro dos meses que se seguiram aos dias de Abril, metáfora de heranças a haver para que o destino reservasse ao futuro o esplendor das coisas possíveis…

Implosões, euforias, mágoas, nos recantos das palavras como planícies rebeldes, altares onde apenas se observa o ouro como sacrário do esplendor das coisas possíveis…

(…) Pórticos, portais, órficos rituais, Thanatos à luz das sombras patenteia eterno Eros, com selo de clarão perene que imprime o esplendor das coisas possíveis…

(…) Fausto e Corsário, em si um oceano e nele Hades navegando entre brumas da cidade mítica da palavra iluminada pelo esplendor das coisas possíveis…

Vertigem das horas, livro dos sentidos, pele das realidades conspurcadas, o poema como trombeta da revolta para que nas coisas possíveis o esplendor se ilumine em cada detalhe de liberdade…

A língua essencial como óleo das origens das ideias que sustém o edifício ideológico que por sua vez sustenta esse esplendor que nas coisas possíveis nos orienta para a comunhão sensorial do mundo…

(…) Ao habitar no mundo das coisas possíveis, Manuel Veiga busca na observação minuciosa que o esplendor extravasa o sonho vivo, a expectativa de novos possíveis dos impossíveis que nos querem fazer crer para que a voz dos artistas deixe de fluir com o esplendor das coisas cada vez mais possíveis…

É esta limpidez obscura na construção do texto, na arquitectura das suas contradições entre o sagrado e o profano, que faz deste livro uma viagem fascinante ao regenerador esplendor das coisas possíveis…

Luís Filipe Sarmento

Grato, Luís Filipe! Um grande privilégio a tua participação e a partilha deste belíssimo texto. E grande honra me concedes com tua amizade...
…………………………………………………………………………………………

Luís Filipe Sarmento nasceu a 12 de Outubro de 1956. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Escritor, Tradutor e Realizador de Televisão. Jornalista, editor, realizador de cinema e vídeo. Professor de Escrita Criativa.

(…) Membro do International P.E.N. Club.Membro da Associação Portuguesa de Escritores. Coordenador Internacional da Organization Mondial de Poétes (1994-1995). Membro do International Comite of World Congress of Poets. Presidente da Associação Ibero-Americana de Escritores (1999-2000). A Idade do Fogo, 1975 - Trilogia da Noite, 1978- Nuvens, 1979 - Orquestras & Coreografias, 1987 - Galeria de um Sonho Intranquilo, 1988- Fim de Paisagem, 1988 - Fragmentos de Uma Conversa de Quarto, 1989 (…) Ocultação de Fernando Pessoa, a Desocultação de Pepe Dámaso, 1997- A Intimidade do Sono, 1998 - Crónica da Vida Social dos Ocultistas, 2000 - Gramática das Constelações, 2012 – Efeitos de Captura – 2016 – Poética Edições – são alguns dos principais títulos publicados

Wikipédia.

domingo, abril 17, 2016

ASAS DE CERA...


Por vezes, em seu desenfado, os deuses elevam
As humanas criaturas á vertigem do prodígio
Onde o incauto poeta mergulha até à raiz 
Em bebedeira de Sonho…

Então os deuses em cínica crueldade
Estendem o cálice da Insónia como quem
Distraído lembra as asas de cera
Com que os mortais são feitos…

Ou, em suaves folguedos, recordam aos insanos
Que a morte se inscreve, gloriosa,
No âmago da Vida…

Manuel Veiga






quarta-feira, abril 13, 2016

"PAISAGENS EM ALVOROÇO" ou Cálido Gesto da Amizade ?...



"Paisagens em alvoroço"

Vou tentar escrever duas palavras ininteligíveis para ver se me faço entender, aqui da minha escarpa.
A poesia não se comenta (?) a menos que sejam os poetas a dizer por gestos o que escreveram. 
A poesia do meu amigo Manuel desafia, desbrava palavras, são gestos em carne viva. 
O poeta na sua solidão partilhada de luminosidades, sombras e silêncios, adquire no seu refúgio a transfiguração da vida. 
Artífice exímio, recusa escancarar os poemas à devassa de uma leitura linear. 
Recordo que é através das palavras que se expressa (também) a poesia. 
No universo específico onde se move o poeta, com ou sem roupagem metafórica, cabe ao leitor acolher a mensagem e decifrá-la.
Esta poesia não é para ser cantada mas deve ser lida em voz alta, na esperança de sermos livres, eternos, por um instante, nas "paisagens em alvoroço". 
Este "do esplendor das coisas possíveis" segue um registo de forma e conteúdo que identifica o Poeta e o Homem. 
Se me lessem um poema seu sem identificar o autor, eu diria sem pestanejar - é do Manuel Veiga. 

Abraço fraterno. 
....................................................................................................


Cálido gesto de amizade de meu amigo Eufrázio Filipe em MarArável

Fraterno Abraço. Grato

domingo, abril 10, 2016

"FEVER..."

Furtivo bailado na canícula
Como se fora aquele ostensivo seio
Retesado. Porém suspenso
Como figo na boca
Que há-de colhê-lo...

Ou ardência Verão
Na pele
A acicatar
O lume...

E o cume...

E o corpo distendido fosse
Apenas a passagem.
Ou vórtice
A desenhar
O vértice
De fogo
Assim
Explícito...

(Língua e palato
Ainda...)

Ou a breve brisa a soletrar
A inocência. E a graça do nome
No azul pagão
Da tarde...

Ou quimera de areia...
Ou uma miragem calcinada...

Ou fantasia de poeta
A surfar a onda em que incauto
Se despenha...

“FEVER”!...


Manuel Veiga

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - Poetica Edições - Lisboa

quarta-feira, abril 06, 2016

A LAVAR A ALMA....


De novo a montanha e o gesto amável de colhe-la.
Gregoriano o canto. E a ave o abismo. E meus olhos
A flutuação da brisa. Cegos na imensidão da cor
Em que se despenham...

Estendo os braços. E o sol desbotado é eco
Que devolve o prodígio. E os inaudíveis sons
São o bailado da memória. Fio de água a desenhar
A paisagem cá por dentro.

E o tempo destilado
Gota a gota. Ruínas e calcário que se negam.
E se condensam. Fogo que circula
No interior da pedra...

E a poeira líquida – fios de prata por onde escapa
A flor sem nome.
Tão frágil
Que hesita
E se verga
Como se a hora
Fora plena.

E a gloriosa tarde fosse eterna...

Manuel Veiga

"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - Poetica Edições - Lisboa






terça-feira, abril 05, 2016

NA FRAGRÂNCIA DA PALAVRA...


Na fragrância da palavra uma dor
Antecipada. A finíssima dor da ausência
Círio a arder e a pele tensa...

Perversos são os deuses em seu desenfado
A instigarem a dúvida no coração de humanas criaturas
Letal veneno a corroer, gota a gota,
O mosto solar dos dias...

Peregrinos são os passos que se anunciam
Dança de Parcas e seu nocturno grito
Sobre densa floresta de enganos...

E o deslaçar as mãos em cabana desfeita.
Memorial funesto onde o poeta se imola
A bordar nos lábios o frémito
E a consagração do nome...

E a insígnia no rosto a arder por dentro...

Manuel Veiga





domingo, abril 03, 2016

FRAGMENTOS XIV - Quem Pediu a Maria Adelaide?


“Como tu te comprazes, Manuel, a compor as imagens a que te afeiçoas, como artesão que molda no barro as figuras canhestras a que dá forma bem sabendo ambos, tu e eu, que a Memória não é retracto, nem figurino que se encomende, nem ordem a que se vergue o pulsar da escrita, nem o Tempo é uma lanterna mágica, que tudo ilumine na luz crua da vida, mas antes matiz ou caleidoscópio, onde, cada vez que se espreita, as cores se cingem a novas empatias e novas linhas lhe definem o desenho, sempre imponderáveis. Como sei que tu sabes, porque tu me disseste, ou ajudaste a ver, surpreendo-me ainda mais, com este teu remoer circular, de tempos e modos tão diversos, pois que afastada a ideia mesquinha que muitos dos teus leitores (“se leitores houver”, dirás tu) irão alimentar que este teu exercício de memórias, mais não é que auto contemplação narcísica de teus “egrégios avós” – perdoa a ironia – e de teus “heroísmos” precoces, o que afinal mais não representa que as normais “passas do Algarve” que cada um de nós passa na adolescência, no processo de crescimento e afirmação social; não se encontra, por isso, explicação para este teu ruminar lento e redondo de folhas mortas de um calendário que jaz amarelecido.

E depois este apego teu a uma escrita sem forma, volátil, que despejas sobre quem ousa o segundo parágrafo, com o pretexto da banalidade literária, de uma “narrativa sem sujeito”, que certas vanguardas, em devido tempo, proclamaram como “salvação” da literatura, quiçá do Mundo, torna-se entediante. O Mundo não quer salvar-se e a literatura, que procuras é quase tão frustre como o passado em que teimas a matriz.

Já não há inocência no Mundo, meu querido.  Cada um por si e pela glória de cada prazer desfrutado e, de imediato, descartado, na pulsão devoradora do insaciável momento. Quem pois terá pachorra para te ler a sério, neste mundo feérico de mil escolhas e tão sugestivos prazeres ao alcance de um passo, ou até de um clic?

Cuida-te, meu querido amigo.

“Atalho o teu discurso, Maria Adelaide, no mesmo tom de ironia, de mim tão bem conhecido, pois sei, como ninguém, que essas “pérolas” de sabedoria com que dardejas os meus escritos, aliás - reconheça-se! – sempre em teu gracioso dizer, afinal mais não são que pretextos para desdenhares, gostando, como se meus textos fossem guloseimas coloridas que destapas e te seduzem, mas que preferes não saborear, num gesto de menina traquina que se faz rogada, mas que passado o momento da provocaçãozinha, come com gula pecaminosa.

Que queres que te diga, minha querida? Que me desdiga? Que bata com a mão no peito e me cubra de cinzas, lamentando o mau passo de escrita e reconheça, publicamente, antes de arder em auto de fé, a autoridade da senhora Dr.ª Maria Adelaide, licenciada em Línguas e Literatura Moderna na análise literária? Mas tu sabes muito bem, minha querida, que as nossas divergências são de superfície e que toda a minha narrativa, por mais desordenada que se apresente, nos tempos e modos percorridos, ou por mais voláteis que te sejam as palavras e a “irrealidade” dos sentimentos e comportamentos, tu sabes, Maria Adelaide, que és o veio e a seiva que alimentam a minha escrita e esta narrativa que, sem rebuço, dizes entediante.

Pois dir-te-ei que se autor houvesse tu serias ficção, personagem privilegiada, naturalmente, pois que, sendo única, ocuparias, no plano da narrativa, o lugar nobre da figuração do coro, como acontece nas encenação das tragédias gregas, que para além de dares “passagem” aos diversos quadros em que desenvolvem a dramatologia funcionarias também como “um espectador ideal que se responsabiliza pelo equilíbrio das emoções e pela moderação do discurso”. Então sim, brilharias como o teu pezinho de cetim e bailado, tantas vezes te requer...

E, minha querida, mesmo que “tambolho da escrita” – ainda que lúcido, hélas! – seria fácil ensaiar uma narrativa, como deve ser, com sujeito, predicado e complemento directo e o tempo e modo bem alinhadinhos, (primeiro, o “antes” e o “depois” ... depois!), na qual encenássemos os momentos mais quentes da tua casa de praia em cenas tórridas e houvessem cenas de traição e vingança e ciúme e crime, está bem de ver, e até droga, porque não? e então tu serias vedeta a sério, sabe-se lá se como direito a entrevista em todos os suplementos culturais (ainda existem?) ou capa de um jornal de referência. Mas assim alinhadinhos, basta-nos as narrativas de telejornal (e as telenovelas também, Maria Adelaide, onde espreitas de vez em quando), ou a filas paradas na AE 5, ou nas linhas de montagem da fábricas falidas, ou nas filas para o subsidio de desemprego e a sopra dos pobres, ou , ou...

Ou então poderíamos, fazendo bom uso do “pendor neo-realista” que dizes este teu amigo possuir, fazer-te personagem de uma causa nobre e grandiosa, não direi Madre Teresa, porque te faria lembrar o colégio de freiras, nem a Catarina Furtado, está bom de ver, porque naturalmente é um “icon” da portugalidade moderna, mas deixa lá ver, talvez Embaixadora para a Erradicação da Net do Insulto Anónimo Cobarde e Soez - uns valentões na sombra (ou valentonas, ou talvez nem carne, nem peixe, que isto de sexo, anda por aí muita promiscuidade).

Mas considerando bem, nem isso. O teu belo narizinho arrebitado não aguentaria tamanha miséria moral, nem o fedor a pocilga, por “montanhas” do “teu” Fabergé que despejasses sobre o corpo. 

Não tiveste pois sorte, minha querida Maria Adelaide. Nem nos amores ou desamores de que te não salvei. Nem na figuração que te calhou nesta mal cerzida narrativa com “passada mais longa que a perna” (onde já se disse isto?), narrativa circular, redonda, obtusa, assumidamente narcísica. Se autor houvesse e o tempo fosse, tu serias vedeta...

Assim somos, tu e eu, aquilo que (não) somos. Ou a persona em que encenamos as nossas vidas, que não sendo, são e não sendo, se dizem. Não para se comprazerem ou para se lamentarem, mas como testemunho livre da escrita, ainda com odor a placenta, por vezes doendo, outras com o rosto inocente das palavras inesperadas ou das veredas que se rasgam, quando se julgava apenas atalho. Assim se querem estas “estórias”, sem ponto de equilíbrio, navegando pelas palavras, que vidas foram, como quem caminha sobre um fio-de-prumo a ligar os diversos tempos”.


Voltemos a África, Maria Adelaide em busca de espaços amplos. E respiremos... 

sábado, abril 02, 2016

No Magnetismo da "Lucina" ...

No magnetismo da Lua cabem
Todas as marés e enlouquecem os amantes
Desprevenidos. E os poetas que ousam
O sortilégio da Palavra
E se imolam cativos
De um olhar peregrino
A desenhar
O movimento
De astros sem
Destino...

Manuel Veiga



Sem Pena ou Magoa

  Lonjuras e murmúrios de água E o cântico que se escoa pelo vale E se prolonga no eco evanescente…     Vens assim inesperada me...