sexta-feira, agosto 21, 2015

Deambulações sobre RENÉ MAGRITTE



                  Encruzilhada de todos os caminhos                  
                  Vieste com tua irmã. As duas de rosto vendado
                  Como incógnitos amantes celebrando Magritte...

                  Estilhaço os vidros para que a paisagem
                  Ocupe todo o espaço. Corpo anjo negro de mim
                  Suspenso na ponte dos dias e da memória...

                  Perdura o abandono dos dedos. E o feitiço da lua
                  Sobre a copa dos pinheiros. Serenidade do corpo distendido...

                  Multidão esvoaçante sobre os telhados. Agora.

                  Vértice os seios perfumados de azul...

                  E soberba a luz faminta do olhar da fera
                  Indiferente ao drama - apenas vida na espera!
                  Fogo consentido de fêmea. Ao longe adivinhada...

                  Geometria de almas dispersas!

                  Manuel Veiga






4 comentários:

Suzete Brainer disse...

Um poema de excelência e beleza que me deixa muda,
diante da certeza de quanto são desnecessárias
as palavras no poema assim, basta a contemplação...

Bravo!!
Adorei, poeta amigo...

beijo.

Mar Arável disse...

Mais um belo equilíbrio na assimetria

Abraço sempre

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

e assim deambula o Poeta em inspiração sobre René Magritte...

gostei!

:)

Agostinho disse...

A "Geometria de almas dispersas" faz-se na assimetria do contraponto do poema audaz.
Bonito, Poeta!

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