quinta-feira, maio 30, 2013
domingo, maio 26, 2013
NOTICIAS DE BABILÓNIA XXVI
No palco dos infaustos dias, reina em
Babilónia o Espectáculo... Com azul e
vermelho em fundo. E o latão da taça...
Que enfeitam a vida e o logro dos babilónicos – pasmados!...
Anunciam até os arautos que o Hammurabi,
o milagreiro, ele próprio, se encena como Palhaço.
E que, sem asa, nem golpe, se estatela no chão, ao predizer o futuro por cima
do barco encalhado...
A Praça rebola-se de gozo...
E um velho vagabundo, desgrenhado e
cáustico, resmunga: “Circo
sem pão! – Isto ainda acaba mal...”
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Entretanto, o Povo sofrido, em milhares
de vozes, reclama o barro. E a côdea do salário...
sexta-feira, maio 24, 2013
quinta-feira, maio 23, 2013
SEARA NOVA nº 1723 - Primavera 2013
Para além dos excelentes artigos
sobre a actualidade política e social,
destaco o comovente poema de Eugénia Cunhal,
na secção "Momento de Poesia".
quarta-feira, maio 22, 2013
segunda-feira, maio 20, 2013
Ainda Agora Cais...
Vicejam espinhos
nas ruinas do tempo
E os rios medem
as margens no sobressalto das árvores...Em seu pudor - ou resguardo - a palavra lateja. Mítica.
Clandestina embora atiça o fervor que germina
Nos rostos calcinados e na amargura dos homens.
E o alvoroço ganha então asas nas veredas do sangue.
E no percurso inóspito dos passos...
As mulheres revestem-se de sibilinos gestos
E soletram a boca das crianças
Nas migalhas...
E erguem o olhar pleno como antigas ânforas
Que repletas extravasam. E minguadas se aprestam
A todas as sedes e a todas as urgências.
E que de mão em mão passam. Gloriosas...
Fecundos são os dias assim (pre)sentidos
Que amadurecem como crisálidas. E se soltam serenos
Na arribação das aves. E nos ritos da memória...
E se advinham no pulsar cálido da cidade
Ainda agora cais. A erguer promessas. E a desenhar velas.
No horizonte líquido do Tejo...
quarta-feira, maio 15, 2013
NOTÍCIAS DE BABILÓNIA 25
Sobre os céus de Babilónia, reina o
esplendor de uma deusa – distante e insaciável!... Que os magos apaziguam com o
sangue dos babilónicos...
Uma tróica de emissários pastoreia os devotos.
E espreme o corpo exaurido do povo mártir...
Dizem alguns que viram
há dias a deusa luzindo, de branco, numa azinheira, na Cova de Boliqueime.
Outros protestam que não passa de uma miragem...
Hammurabi, o moderador, tem visões místicas: “não tenhais medo!...” – exorta, piedoso, em nome da virgem. E proclama o sétimo milagre...
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Um velho andrajoso e um pouco cínico, exalta o feito:
– “Hossanas, cidadãos! Louvemos o milagre
de Maria e de Hannibal...”
domingo, maio 12, 2013
NOTÍCIAS DE BABILÓNIA 24
Havia em Babilónia, um princípio sagrado. Que, mais
tarde, grandes povos levaram a seus códigos – nenhum crime, dever ou tributo sem que a lei previamente os preveja...
Com o barco encalhado e a algazarra na praça,
Hammurabi, o legislador, propõe-se instituir o Arbítrio.
E para alimentar a Medusa, insaciável e castradora,
suga o sangue dos velhos – o sangue presente e o sangue futuro!...
E até o sangue da morte...
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Um velho, amargo e cáustico, murmura entre dentes: “Que enorme desgraça! ... O grande Hammurabi virou
em Rosalino...”
sexta-feira, maio 10, 2013
quinta-feira, maio 09, 2013
QUE A PALAVRA SEJA SOBRESSALTO...
Que a palavra seja insígnia ou marmoto
E sobressalto...
Que a cidade seja solar e ígnea
E os muros se derramem no grito das gaivotas
E o Tejo uma falua engalanada...
E o corpo das mulheres seja o maduro trigo
De todas as fomes...
E as mãos sejam o destino dos homens
No suor do barro...
E o coração expluda...
E todos os caminhos se soltem...
E que a memória dos dias claros se desfolhe
Em cada gesto...
E a ansiedade dos tempos seja esporão
De claridade...
E a Palavra seja flama e sarça.
E que se inscreva liberta no rosto dos escravos...
terça-feira, maio 07, 2013
NOTÍCIAS DE BABILÓNIA 23
Houve em Babilónia uma juventude irreverente e solidária. Detestava a guerra. E batia-se pela Liberdade... Ainda hoje se escutam os ecos esbatidos da sua generosidade...
Entretanto, no que
dizem ser a euforia da Festa, por ganância, (ou desespero da fome) um jovem foi
barbaramente assassinado...
Quanto vale uma morte? Ninguém
se interroga - importa, sobretudo, alimentar a hidra!...
O bezerro de oiro cobre
Babilónia com sua sombra – e captura a consciência dos jovens...
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“Oh tempore, oh mores...” – balbucia um velho alquebrado, numa língua
bárbara.
domingo, maio 05, 2013
NOTÍCIAS DE BABILÓNIA 22
Em Babilónia reina a amargura e o descrédito...
Um amanuense enfeita-se de mago, mas não acerta
uma... No entanto, cumpre, com afinco, o guião a que obedece – e os interesses
que serve...
Na praça, a barafunda aumenta. E o barco
afunda-se... Mais e mais...
Os babilónios clamam e reclamam. E gritam... Outros
sublimam a fome, fazendo chacota...
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Hammurabi, o moderador – que nunca se engana e
raramente tem dúvidas - proclama que “à
noite se segue o dia...”
Ninguém acredita!
quinta-feira, maio 02, 2013
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