domingo, outubro 07, 2012

SALVAR O FUTURO...

 


Arredado há anos dos espaços públicos de discussão política, propus-me participar no Congresso Democrático das Alternativas, que no dia 5 Outubro p.p., se realizou na Reitoria da Universidade Clássica de Lisboa.
 
A ideia de procurar alternativas a situação dramática do País - cujas causas remotas não vêm ao caso, mas que, na actualidade, têm expressão maior nas políticas da tróica e de seus apóstolos - é de tal forma urgente que não se compadece com hesitações, nem muito menos, com desistências ou conformismos.
 
Dou por bem empregue o dia. Não faltam motivos. De facto, é assinalável que depois grandes manifestações, de 15 e 29 de Setembro, que juntaram centenas de milhares de portugueses verberando a tróica e reclamando as suas vidas, mais de dois milhares de pessoas se tenham reunido, depois de amplo debate com a sociedade, para aprovar um documento que sintetiza uma verdadeira plataforma de esquerda - base política necessária para encontrar o caminho patriótico, que salve o País do desastre iminente.
 
O acontecimento revela, desde logo, que a intectualidade de esquerda, depois de longa e profunda anestesia, parece estar a acordar do torpor. Veremos. Ainda é cedo para juízos definitivos. Mas a circunstância do Congresso ter decorrido sem protagonismos pessoais e vaidades bacocas é disso bom sinal.
 
Uma segunda nota a assinalar é a de que a Declaração aprovada, por larguíssima maioria, preconiza, sem margem para dúvidas, a denúncia do protocolo com a tróica, com todas consequências que tal decisão acarreta, designadamente, a negociação da dívida do país em novas bases de prazos de amortização e de juros. E, se a previsível chantagem dos credores for insuportável, a declaração unilateral de uma moratória no respectivo pagamento da dívida.
 
Na perspectiva do documento, o país deve honrar seus compromissos. Mas a “honra” de um País, como foi dito no Congresso, não reside em claudicar, perante as exigências externas, mas em recusar cláusulas e acordos leoninos, que bloqueiam o desenvolvimento. Os acordos internacionais livremente firmados devem ser cumpridos, sem dúvida; mas deverá ser tida em conta a alteração das circunstâncias sociais e políticas, que determinam tais contractos.
 
Antes do direito está a moral e a justiça. E se é verdade que o Estado português tem obrigações internacionais a cumprir, o seu vínculo maior deve ser com a permanência da Pátria e o bem-estar do seu povo.
 
Uma última nota para acentuar, que a Declaração final, aprovada no Congresso Democrático das Alternativas deve ser conhecida, lida e discutida pelos cidadãos, dentro e fora dos partidos políticos.
 
O movimento cívico que lhe está na origem afastou, no congresso, quaisquer veleidades eleitorais ou de se transformar em partido político. Ficou claro que a única ambição explícita do movimento é a de, nesta emergência social e política, contribuir para construir alternativas sólidas ao desastre para que o fundamentalismo neoliberal empurra o país.
 
Tarefa urgente e necessária que os cidadãos devem tomar em suas mãos, exigindo que as forças políticas à esquerda do espectro político convirjam na luta e na acção política e procurem, no meio de todas as dificuldades presentes, construir de novo a esperança para a sociedade portuguesa.
 
A partir de agora deixou de haver alibis. É tempo de sarar feridas e desfazer mal-entendidos. E na pluralidade de ideias e na autonomia de cada força política, sem hegemonismos deslocados, nem transigência com as políticas de direita, é urgente saber encontrar alternativa política de esquerda para o governo do País.
 
E assim salvar o Futuro...
 
Manuel Veiga

8 comentários:

jrd disse...

Meu caro,
Sabia que que tin has participado e estive contigo assim como estou contigo neste texto muito importante.
Abraco

Rogério G.V. Pereira disse...

Espero a publicação da declaração para seguir o que sugeres...

Foi bom saber que lá estiveste!

jawaa disse...

Gostei de estar aqui, gostei de ler-te. Ainda bem que vai havendo quem tenha ideais e os procure concretizar com acções que ultrapassem os interesses partidários.
Um abraço

jawaa disse...

queria dizer «ultrapassam», desculpa

São disse...

Espero bem que sim, que a ESquerda tenha finalmente a inteligência de construir uma plataforma de entendimento : a dramática situação do país assim o exige.

Gosto também de saber do despertar para a cidadania de pesspas com obrigação de intervirem .

Um abraço para ti.

Mar Arável disse...

Na verdade alguém tem de ter discernimento colectivo

a menos que continuemos a encontrar-nos unidos

no Alto de S.João

C Valente disse...

Que nunca falta a força dos trabalhadores
Saudações amigas

Batista Filho disse...

Depois de longa ausência retorno ao teu sítio. Sinto-me em casa, verdadeiramente.
Que a luta dos Irmãos d'além mar seja frutífera. Muito!
Um abraço fraerno e saudoso,

batista filho

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