Lê-se e não se acredita. Ao que parece, o nosso Primeiro Ministro, em viagem de Estado ao Brasil, fez constar que o insigne compositor e intérprete de inesquecíveis canções brasileiras (e não menos conhecido escritor), Francisco Buarque de Holanda, num impulso irresistível, quis conhecer a deslumbrante personalidade do Eng. Sócrates e seu pujante perfil de estadista.
Ou talvez, quem sabe, seu lastro cultural...
E, por isso, na perspectiva da noticia, terá o consagrado intelectual brasileiro manifestado o desejo de com ele, primeiro-ministro, se encontrar, quiçá para ambos revisitarem as peripécias da “Ópera do Malandro”, ou então, mais ao gosto pós moderno do nosso governante, inverter a lógica poética e musical do “Operário em construção”, que teima em “atrapalhar o tráfego”...
Temos pois que o eng.º Sócrates, acompanhado de prestimoso fotógrafo e de ministro brasileiro (diplomacia oblige) se deslocou à residência de Chico Buarque que, por certo, prisioneiro do seu afecto por Portugal, não poderia negar a deferência...
E, está claro, a nossa acéfala comunicação social rejubilou. E apressou-se a disparar a notícia, para este lado do Atlântico, de que “Chico Buarque quis conhecer o primeiro-ministro...”
Acontece, porém, como é sabido, que Chico Buarque é homem de muito mundo. E se, porventura, os caprichos da diplomacia e as razões do coração o motivaram a aceitar o encontro, não se prestou, naturalmente, a ser emblema na lapela de Sócrates e fez saber que “foi o vosso primeiro-ministro quem pediu o encontro; aliás nem faria muito sentido ser eu pedir um encontro e ele ter que vir a minha casa...”.
Mas julgam que perante semelhante desaire – chamemos-lhe assim diplomaticamente – o nosso engenheiro embatocou?!...
Como se nada fora, assobiou para o ar, deu o dito por não dito e lesto, o seu gabinete admitiu ter havido “um erro na informação” e que foi Sócrates “quem manifestou, há algum tempo, a intenção de conhecer Chico Buarque...”.
Querem coisa mais natural e desculpável que um “erro de informação”, desde que limpe os embaraços do nosso Primeiro-ministro?... Por cá, já se sabia que era assim. Os nossos amigos-irmãos brasileiros, porém, que se cuidem. A moda pode pegar e botar fogo nos políticos do seu país.
Mas se assim for, recomendamos-lhe o original, que por mim, exportaríamos com gosto...