quarta-feira, setembro 10, 2008

Variações sobre Magritte...



encruzilhada de todos os caminhos (geometria de almas)
vieste com tua irmã - as duas de tempo vendado
como amantes sem rosto celebrando Magritte...

estilhaço os vidros para que a paisagem
ocupe todo o espaço de meu corpo anjo negro de mim
suspenso na ponte dos dias e da memória...

perdura o abandono dos dedos soltando a brisa
e o feitiço da lua sobre a copa dos pinheiros
na serenidade do corpo distendido...

multidão esvoaçante sobre os telhados (subtil a luz doirada)

veneração pura na magia negra do ventre em triângulo de cor no vértice dos seios perfumados de azul...

soberba luz faminta no olhar da fera (indiferente ao drama)
apenas vida na espera - fogo consentido da fêmea ao longe adivinhada...

27 comentários:

Jorge Castro (OrCa) disse...

Sensualidades depuradas que a fera, apaziguada, venera...

(E ainda há quem se diga não poeta. Uma treta, meu amigo, uma treta!)

;-)

Grande abraço.

D. Maria e o Coelhinho disse...

ah, gostava tanto de escrever assim...


coelhinho

➔ Sill Scaroni disse...

Amo Magrite.
Lindo escrito.
Um abraço.
Sill

~pi disse...

magritte e tu (


)( ter ra que es(p)fera




~

Peter disse...

Como eu invejo os poetas, eu que nunca fui capaz de escrever um verso, perdido nos desertos áridos da Física...

Tinta Azul disse...

Uma bela variação.
Magritte...mas cheia de força.
:)

MS disse...

... como me surpreendes!! Estes arremessos lindos de poesia, de tempos a tempos, fico lendo e olhando...

Magritte é sem dúvida inspirador! Um poeta/pintor!

Um beijo

Sensibilizada pelo teu olhar em 'fragmentos'!

casa de passe disse...

vou dizer à Loulou e à Nini para passarem aqui.
intelectuais como elas são vão delirar.


João

Isamar disse...

Pois não será só a inspiração de René Magritte que por aqui anda mas a veia poética e a escrita fluente que o caracterizam, dão azo a estes soberbos poemas.

Bem hajas, poeta!

Beijinhos

jawaa disse...

Magritte celebrado à medida das suas fantasias...
Como sempre, um belo poema.
Um abraço

batista disse...

Há-de se manter conectado com as questões centrais das relações (des)humanas... sem contudo deixar fenecer a Poesia. É isso que mais percebo por cá, Amigo (Che, presente!!!).
Um abraço fraterno.

hfm disse...

Tão encadeadamente poético terminando em catarse!

Graça Pires disse...

Celebrando Magritte. Um poema excelente, onde cada palavra tem um feitiço próprio.
Um abraço e bom fim de semana.

luis lourenço disse...

apelativo, catártico e com efeito estético forte..uma simbiosa perfeita da imagem com o teu poema...bela representação do teatro da vida...

abraços

luis lourenço disse...

errata:

uma simbiose...

Frioleiras disse...

bonito, pois! ...

Unknown disse...

... "o meu corpo anjo negro de mim..."
Assutadora metáfora...
Fortíssimo poema...
Até esqueci Magritte.
E não devia, eu sei...
.
[Beijo...@]

Sensualidades disse...

lindo

jokas

Paula

Eme disse...

Hum..
Tomaste Magritte :)

A mim supreendeste-me assim
e r o t i s m o.

Eme disse...

ahh

beijos do sul

ainda :)

(também tenho direito)

mdsol disse...

Gostei simmmmmmmmmmm
:)

Maria Laura disse...

Sem dúvida que Magritte te inspirou. Poema de uma sensualidade vibrante e, ao mesmo tempo, quase melancólica. Muito bom, poeta!

mariam [Maria Martins] disse...

Olá!
do que já vi, também "véu de maya" e "mdsol" tem divulgado muito, mas ainda não conheço suficientemente bem a obra do grande "Magritte" ... para poder comentar como deve ser este post... apenas que a sua escrita é uma maravilha (variação ou não!)

cheguei das abençoadas férias, voltarei aqui de novo para ler os outros posts...

bom resto de fim-de-semana
um sorriso :)

mariam

Mel de Carvalho disse...

"perdura o abandono dos dedos soltando a brisa
e o feitiço da lua sobre a copa dos pinheiros
na serenidade do corpo distendido..."

destaco de um poema, todo ele de elevada craveira.

Saudações
Mel

Licínia Quitério disse...

A magia do desejo. Será, senhor Poeta?

Oliver Pickwick disse...

A cada post a sua poesia se refina. A Isabel Mendes que se cuide. :)
Um abraço!

Stella Nijinsky disse...

Olá Herético,

Gosto de variações entre os dias e a memória,
luz soberba irradiada da fera enfeitiçada.

Stella

Sem Pena ou Magoa

  Lonjuras e murmúrios de água E o cântico que se escoa pelo vale E se prolonga no eco evanescente…     Vens assim inesperada me...