Lema: “Morir antes que esclavos vivir”
Línguas -Espanhol, quíchua, aimará
Capital - La Paz, Sucre¹
Presidente - Evo Morales
Área- 1.098.580 km2
População (Julho 2000) - 8.586.443km²
Independência - 6 de Agosto de 1825
Moeda -Boliviano
(1) La Paz é a sede do governo,Sucre a capital oficial.
1 - A Bolívia situa-se na América do Sul, limitado a norte e a leste pelo Brasil, a sul pelo Paraguai e pela Argentina e a oeste pelo Chile e pelo Peru. Tem como capitais, Sucre e La Paz.
Na Bolívia desenvolveram-se grandes civilizações, a mais importante das quais foi a civilização de Tiahuanaco, que se tornou parte do império Inca no século XV.
Quando os espanhóis chegaram no século XVI, a Bolívia, rica em prata, foi incorporada ao vice-reino do Peru e mais tarde ao reino de La Plata.
A luta pela independência começou em 1809, mas a Bolívia permaneceu parte do império espanhol até 1825, quando foi libertada por Simón Bolívar, a quem o país deve o seu nome.
A Bolívia é um país interior, sem acesso ao mar. A ocidente está situada a cordilheira dos Andes; o pico mais elevado, o Nevado Sajama, chega aos 6 542 m de altitude. O centro do país é formado por um planalto, o Altiplano, onde vive a maioria dos bolivianos. O leste do país é constituído por terras baixas, cobertas pela floresta húmida da Amazónia.
As cidades principais são La Paz, Sucre, Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba.
2 - A Bolívia, é um dos países menos desenvolvidos da América Latina e, ao longo da sua História, sofreu inúmeras revoluções e golpes militares.
Após décadas de lutas populares contra o colonizador espanhol, duramente reprimidas, com o seu apogeu nas rebeliões, de Túpac Katari (1780/82), lideradas por pelo mestiço Pedro Domingo Murillo, o sector crioulo, dominante na sociedade, usurpou o projecto independentista e copiou os modelos económicos e administrativos das potências europeias.
Assim, a transferência do poder político de Madrid não significou grande mudança para os “índios” e “cholos”. A “rosca”, grupo proprietários de minas (Patiño, Aramayo, Hochschild) e os políticos e generais ao seu serviço dirigiram a Bolívia como coisa privada, ou seja, como se fizesse parte do negócio de estanho.
Por outro lado, os interesses britânicos pelo salitre de Antofagasta e pelo petróleo do sul do País, provocaram guerras fratricidas com os países vizinhos: a guerra do Pacífico (o Chile contra a Bolívia e Perú – 1879/83) e a guerra do Chaco (Paraguai contra a Bolívia – 1932/35). Em resultado destas guerras, a Bolívia perdeu o acesso ao mar e cerca de três quartos do território. Entretanto, em 1904, as classes possidentes que dominavam o País, haviam vendido ao Brasil o Acre amazónico, completando-se de alguma forma o desmembramento territorial do País.
3 - Em 1951, culminando uma série de rebeliões sufocadas em sangue, após uma vitória eleitoral não respeitada, o Movimento Nacionalista Revolucionário liderou uma insurreição popular vitoriosa que levou à Presidência Víctor Paz Estenssoro. Em consequência, foi instituído o voto universal, foram nacionalizadas as minas de estanho, implantada a reforma agrária. Porém, devido à progressiva influência norte-americana na economia e na política cedo a revolução baqueou, tendo sido deposto Víctor Paz Estenssoro.
Entretanto, na década de sessenta, Che Guevara parte para a Bolívia, onde tenta estabelecer uma base guerrilheira para lutar pela unificação dos países da América Latina. Mas enfrenta dificuldades com o terreno desconhecido. Em 8 de Outubro de 1967 é cercado, capturado e executado, por soldados bolivianos na aldeia de La Higuera, sob as ordens de agentes da CIA.
Após a deposição de Víctor Paz Estenssoro, a vocação revolucionária do Povo boliviano voltou a manifestar-se com a eleição general Juan José Torres, (1971) em breve deposto por um golpe militar sangrento, liderado pelo coronel Hugo Banzer. Mais tarde, em 1978, após eleições que deram a vitória à coligação de centro-esquerda de Siles Suazo, o general Hugo Banzer foi deposto em novo golpe de estado, desta vez liderado pelo general Juan Peneda Asbún.
Desde então, os golpes militares foram constantes. Sob a batuta dos Estados Unidos, até ao final do século, a política boliviana materializou-se por um circulo infernal de golpes de estado, governos conservadores e, por escassos momentos, governos de centro-esquerda. Na década de oitenta, no decurso do mandato de Siles Suazo, as persistentes práticas neoliberais na economia e a instabilidade política, provocaram, uma crise gravíssima materializada no trinónio crise-empobrecimento-protestos.
Em 1989, realizaram-se eleições das quais saiu vencedor o Movimento Nacionalista Revolucionário, com 24% dos votos. Em consequência de arranjos parlamentares, o Congresso elegeu Paz Samora para presidente, mediante acordo em formar governo de coligação com o velho ditador Hugo Banzer. Paz Samora promoveu uma ainda mais intensa política austeridade, conforme os cânones do neoliberalismo e as exigências norte-americanas.
Durante a presidência do presidente Sánchez de Lozada (1993-97) a Bolívia assinou um tratado de comércio livre com o México, tornou-se membro associado do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul) e procedeu à privatização da linha aérea estatal, da companhia de telefones, dos caminhos de ferro, da companhia eléctrica e da companhia petrolífera.
Nas eleições de 1997, o antigo ditador Hugo Banzer foi eleito presidente com 22% dos votos. Embora se propusesse aprofundar o sistema económico na perspectiva neoliberal, que vinha a ser seguida, não teve condições políticas para o conseguir. Em Janeiro de 1998, o país ficou paralisado com uma greve geral, contra o aumento de impostos e o preço dos combustíveis.
Assina, então, acordo com os Estados Unidos, mediante o qual são eliminadas 7 000 mil plantações de coca, a troco de ajuda económica e contrapartidas financeiras e, em Abril do mesmo ano, assina acordo com o Clube de Paris, obtendo um crédito de 941 milhões de dólares para financiar o seu programa de reformas económicas. Sem conseguir porém travar a degradação económica, política e social. Pelo contrário, aprofundou o modelo neoliberal na economia, com mais desemprego e miseria e os consequentes protestos e crises insurreccionais.
Em 2005, é então eleito Presidente da Bolívia, Juan Evo Morales Aima.
4 - Morales é de origem ameríndia, nascido no “pueblo” mineiro de Oruro, no gélido planalto ocidental.A sua etnia e a sua língua são o “aymará”. A exemplo de milhares de outros camponeses, no início dos anos oitenta, a sua família emigrou para este do País – Chapare - em busca de melhores condições de vida.
Morales, na infância, foi pastor de “llamas”. E, na juventude, fez parte, como trompetista, de uma banda local que amenizava os dias dos trabalhadores rurais subnutridos, que mascavam coca para se poderem manter de pé. Por essa época, terminou a sua educação secundária, mas não teve acesso à Universidade.
Desde cedo, porém, começou a actividade política, integrado no sindicato dos camponeses. Por essa altura, destacou-se como líder “cocalero” da região, participando activamente de marchas e lutas que os camponeses faziam contra as ameaças do então Presidente Hugo Banzér Suárez de acabar com as plantações de coca.
É sabido que, por detrás desta política de Hugo Banzer estava o acordo com os Estados do Unidos para acabar com aquilo que consideravam o celeiro da cocaína. No entanto, para os indígenas da região não era opção erradicar uma cultura ascentral, fonte do seu magro sustento, enraizada na sua forma de vida desde tempos anteriores à chegada dos espanhóis.
Por ironia do destino e vontade do Povo boliviano, Hugo Bazner Suárez, que chegou a Presidente depois de um violento e cruel golpe de estado, encontra-se auto-exilado nos Estados Unidos e Evo Morales é Presidente eleito da Bolívia.
O ano de 1997 pode ser considerado como ano chave para Morales, pois foi esse ano que se inicia a sua fulgurante carreira política até à Presidência do País. Nesse ano, é eleito para a Câmara dos Deputados, com uma vitória estrondosa de mais de 70% do votos do seu distrito eleitoral.
A sua bancada parlamentar manteve-se sempre firme na defesa das camadas mais pobres da população e, em especial, dos “cocaleros”. Depois de graves incidentes em 2002, de que resultaram a morte de três militares, um polícia e quatro “cocaleros”, Evo Morales é afastado do Congresso, por pressão da Embaixada dos Estados Unidos.
Porém, em meados do mesmo ano, Evo Morales voltou com mais força e popularidade reforçada nas eleições gerais que então se realizaram. O seu partido - Movimento para o Socialismo ( MAS) - ganhou a quinta parte do Congresso, quando as sondagens apenas registavam 4% das intenções de voto. A Casa Branca ameaçou, então, retirar a ajuda financeira ao país, se os bolivianos elegessem o “cocalero” para governar o País. Debalde, porém...
Na sequência de poderosas manifestações promovidas pelo MAS, em Março de 2005, o Presidente Carlos Mesa demitiu-se. E nas eleições presidenciais de Dezembro desse ano, confirmou-se aquilo que era esperado. Evo Morales obteve 54% dos votos, frente aos 18% do seu rival, o conservador Jorge Quiroga, candidato dos norte-americanos.
Era a primeira vez na história que um índio sentava na cadeira presidencial, onde até agora se haviam sentado gerações de brancos. Logo nos seus primeiros dias como presidente eleito, Morales colocou a Bolívia como protagonista da cena internacional: - “São tempos novos. Este milénio para os Povos, não para o Império” – declarou numa reafirmação de patriotismo anti-imperialista
Fontes :
Guia do Mundo
Pesquisa web - Wikipédia
discurso de Evo Morales na Cimeira do Mercosul